domingo, 10 de junho de 2012

Liderança e Equipes: Lado B - Lado A

Não há como falar em equipes sem falar em liderança. No post passado, falamos sobre formação de equipes e da importância que a liderança exerce sobre a formação de equipes. Neste post, vou abordar mais o aspecto de liderança. Liderança é um tema que mexe com o imaginário de muitas pessoas, pois nos acostumamos a ver os heróis apresentados nas telas do cinema ou da televisão. No mundo dos negócios também não é diferente. Muitos exemplos de líderes nos foram apresentados ao longo do tempo. Mas duas questões importantes surgem, quando falamos de liderança: 1) Como aparece um líder? 2) O líder poder ser formado ou já nasce líder?

A liderança é definida como a capacidade de influenciar um conjunto de pessoas para alcançar um objetivo. Mas como separar os conceitos de liderança e administração? De uma maneira simples, podemos dizer que a administração tem a ver com o gerenciamento da complexidade, enquanto que a liderança tem a ver com o gerenciamento da mudança. Líderes são indivíduos capazes de desenvolver uma visão do futuro, engajando pessoas através de uma comunicação clara desta visão e inspirando as pessoas na superação de obstáculos (Robbins, 2010).

As organizações, na verdade, precisam dos dois elementos: dos administradores e dos líderes. Nem todo administrador será um líder e nem todo líder será um grande administrador, necessariamente.

Algumas teorias, tal como a dos traços, argumenta que os líderes não são como outras pessoas. Eles possuem qualidades e características pessoais que as diferenciam das demais pessoas, tais como extroversão, conscienciosidade e inteligência emocional. Dentre estas características, talvez, a inteligência emocional tenha um destaque. É através dela que se manifestará a empatia, elemento essencial para o desenvolvimento do senso de lealdade.

As teorias comportamentais, por sua vez, acreditam que um líder possa ser treinado, quer seja na dimensão de orientação para pessoas, quer seja na dimensão da orientação para produção.

Independente de ter traços de liderança ou de desenvolvê-los, a teoria da contingência surge para mostrar que o sucesso do líder, entretanto, estará vinculado ao contexto. A contribuição maior veio através de Fiedler que acreditava que a eficácia do desempenho do grupo depende da adequação entre o estilo do líder e o grau de controle que a situação lhe proporciona. Segundo Fiedler, você deve adequar o líder à situação de forma a aumentar a chance de melhor desempenho deste grupo. Isto pode acontecer de duas formas: substituindo-se o líder, para melhor adequar à situação ou você pode modificar a situação, para adequar melhor o líder, como, por exemplo, modificando tarefas, organização, etc.

Dentre as várias teorias sobre liderança, a que mais chama a atenção das pessoas, é a teoria carismática, manifesta através dos vários exemplos que identificamos na mídia. As pessoas atribuem capacidades heroicas ou extraordinárias de liderança a seus líderes quando observam neles determinados comportamentos. Alguns autores argumentam que estes indivíduos já nascem com traços que fazem deles pessoas carismáticas, tais como extroversão, autoconfiança e ambição. Alguns autores argumentam, porém, que estes líderes carismáticos também podem ser treinados.

Líderes carismáticos influenciam seus liderados através da criação de uma visão atraente, de uma estratégia de longo prazo para alcance de metas por meio da conexão entre o presente e o futuro melhor para a organização e para o grupo. A visão vem acompanhada de uma estruturação clara e de um novo conjunto de valores e exemplos para que os seguidores o imitem. Estes líderes criam o ambiente de cooperação e apoio mútuo.

Certamente, vocês já viram pessoas lançando-se como uma liderança forte, através de suas características pessoas e extroversão, ambição e autoconfiança. Porém, ter estas características é condição necessária, mas não suficiente para que este indivíduo, de fato, se torne um líder. Muitos são os exemplos de pessoas que utilizam-se destas características que o destacam do grupo para exercer cargos administrativos com maiores poderes e utilizam-se destes atributos para alavancar suas carreiras em benefício próprio e não do grupo. Não raramente, estas pessoas possuem carreiras ascendentes rápidas, porém, deixando para trás, um rastro de inconsistência, notado, principalmente, por aqueles que eram seus liderados e que se sentiram abandonados no meio dos problemas deixados para trás.

Quando o tema é liderança, surge, para mim, um conceito que atribuo uma importância destacada: A liderança autêntica. O líder autêntico sabe quem é, sabe no que acredita e o que valoriza e age conforme seus valores e suas crenças, de forma aberta e honesta. Ele é capaz de criar confiança! A confiança é o estado psicológico que existe quando você concorda em se tornar vulnerável ao outro porque possui expectativas com relação ao modo como a situação vai se desenrolar.

É justamente a confiança que fará com que este líder tenha o destaque e o sucesso que se espera da liderança. É a confiança que permitirá o alcance dos resultados e que fará com o que o benefício seja compartilhado entre líder e liderados. Não raro, também, e vermos indivíduos lançando-se ou lançados como líderes que não conseguem estabelecer o vínculo de confiança entre os colaboradores. Ora, se o líder não é capaz de criar um vínculo de confiança, como será capaz de resolver conflitos existentes em suas equipes? Sem resolver estes conflitos, como o grupo será capaz de criar um grau de colaboração e um mecanismo de autocorreção para melhorar o desempenho. É isto que fará diferença entre grupo e equipe. Portanto, o líder tem papel fundamental neste processo de formação de equipes. A confiança encoraja a assumir riscos, facilita o compartilhamento de informações, faz o grupo tornar-se mais eficaz e melhora a produtividade.

A liderança pressupõe riscos e benefícios, para o líder e para o grupo. Talvez, se reduzíssemos o grau de romantismo sobre os líderes e deles esperássemos e cobrássemos maior consistência em suas visões de futuro, em suas capacidades de comunicação e envolvimento de pessoas em torno desta visão e, acima de tudo, um papel inspiracional, capaz de movimentar as pessoas em direção ao objetivo esperado, talvez assim, tivéssemos mais líderes e menos “piratas organizacionais”, agindo em benefício próprio e não em benefício do grupo.

Não cobri, neste post, todos os aspectos relacionados com liderança. Para alguns, o que foi escrito acima faça mais sentido do que para outros.

Compartilhe suas experiências sobre liderança: boas e ruins

Um grande abraço.

Moacyr Ferreira


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