domingo, 16 de setembro de 2012

O poder das marcas

Por que as empresas, em geral, não dão tanta atenção à marca como dão os consumidores? Pensar em uma marca é um trabalho que exige conhecimento, preparo e dedicação para que ela reflita a estratégia pensada para um produto e, preferencialmente, possa ser respeitada e valorizada pelos consumidores.
 
A marca é algo distintivo! Se você pensar bem, tudo tem uma marca. Tudo tem algo que o distingue e que lhe atribui uma identidade única. A marca diz muito sobre o produto. Até aí, tudo bem. O problema é que, também, a marca, quando mal administrada diz muito do que você não esperaria sobre o produto ou a empresa. Isto acontece, muitas vezes, porque ela é pensada apenas sob a ótica da publicidade e não sob a ótica da estratégia da empresa, como veremos mais adiante.
 
A marca é mais do que um logo. A composição de uma marca é seguida de vários elementos, tais como:
- Nome: Importância para acentuar a lembrança, associações (Ex.: Força do nome Disney como entretenimento, diversão e fantasia);
- Cor: Nos anos 80, muitas empresas mudaram seus logos para cores azuis, para remeter à ideia de resultados financeiros positivos (“Bottom line should be blue and not red”);
- Domínios: Por exemplo, para criação de sites na internet ou uso do nome, comercialmente (Ex.: Talvez, o nome de sua empresa já não esteja disponível para uso, como ocorreu com a banda Jota Quest, que teve que modificar seu nome original “Jay Quest”, para não ser processada pela Hanna-Barbera, detentora do desenho animado);
- Logotipos: Lembrança na mente do consumidor e transferência de uma ideia (Ex.: Se você estiver passando na rua e vir dois arcos na forma de M, ninguém, provavelmente, precisará dizer que ali tem um Mc Donalds);
- Símbolos: Muitas vezes, o nome nem precisa estar presente, bastando apenas o símbolo (Ex.: Se você vir o desenho uma maça, branca, mordida, provavelmente, lembrará da Apple, ainda que o nome não apareça);
- Personagens: Dar vida à marca (Ex.: Alguém lembra do baixinho da Kaiser. Pode ser que lembre até mais do personagem, do que do produto. A Ana Paula Arósio, durante muitos anos fez grande sucesso na propaganda de um produto de telefonia. Você lembra da marca?);
- Slogans: Algo que possa ser lembrado, de maneira simples, transmitindo uma ideai poderosa (Ex.: Se você pensar em  produto de linha branca de qualidade, capaz de lembrar do slogan “este produto é uma Brastemp”);
- Jingles: Uma lembrança sonora da marca (Ex.: Provavelmente, você não saberia dizer, exatamente, como é a marca de empresas como Intel, Nokia, Samsung, mas poderá reproduzir o jingle que os caracteriza);
- Embalagem: Algo que o diferencie dos demais (Ex.: A Absolut, uma marca de vodca, fez uma campanha publicitária com várias páginas em uma revista, mostrando, em diversas situações, o desenho de sua garrafa, que é único).
 
Pensar a marca somente como um produto é uma maneira errônea. Não seria um grande exagero dizer que a marca é a expressão do invólucro dos 4 P’s, utilizados no marketing mix (Product, Place, Promotion, Price). Uma boa marca fala pelo produto, ou por outros produtos da empresa. Ela fala sobre a qualidade associada e a percepção que o público tem sobre os produtos associados a esta marca. Ela transfere idéia de preço e valor. Sem contar que ela pode e deveria ser lembrada, falada, referenciada, para aumentar a chance de ter seus produtos consumidos.
 
Como mencionamos anteriormente, a marca não aparece isolada como um esforço de marketing. Se a marca transfere a idéia de identidade de uma empresa ou produto, ela deveria suportar diretamente o posicionamento atribuído e a estratégia selecionada, pois, de outra forma, ela, ao invés de alavancar o efeito positivo, vai criar dificuldade de entendimento na cabeça do consumidor que captará rapidamente a inconsistência entre posicionamento e a apresentação ao mercado, fazendo suas próprias interpretações, muitas delas não tão positivas e, nem sempre, representando a verdade sobre ela.
 
O gerenciamento da marca é fundamental e várias empresas têm funções dedicadas para este aspecto, de forma a garantir a consistência na utilização da marca com sua estratégia. É o chamado “Brand Manager” ou Gerente de marca. Um profissional com conhecimento e competência necessária para identificar quando a mensagem captada pelo consumidor não corresponde àquela que se pensou para a marca.
 
A marca está diretamente relacionada com a percepção do consumidor e, portanto, com a percepção de  valor que este consumidor atribui a esta marca. Se a marca for forte, presente, autêntica, ela, potencialmente, será capaz de captar este valor de mercado e, eventualmente, possibilitar a prática de preços Premium, que permitem melhores retornos à empresa.
 
Além disto, a marca tem um papel adicional como um ativo da empresa. A marca pode transferir a idéia de uma empresa ou produto sólido, capaz de projetar resultados positivos ao longo do tempo. Este valor atribuído à empresa manifesta-se nos resultados e também em uma conta particular do ativo, chamada de intangível (goodwill). É ela que muitas vezes traz a explicação do porque empresas possuem um alto valor de mercado, capazes de atrair investidores ou capazes de manifestar o desejo de compra de outras empresas.
 
A mídia tem sido um grande canal divulgador e expositor da utilização das marcas, para o bem ou para o mal. A percepção do cliente sobre uma determinada marca pode movimentar outros consumidores e alinhá-los em relação a um comportamento particular. Pode ser capaz de fazê-la grande e importante no mercado, mas também podem destruir a reputação, dando visibilidade sobre as fragilidades que se encontram por trás de um logotipo bonito.
 
A marca cria sentimento de orgulho ou rejeição e, isto, com o tempo, se reflete nos números da empresa.
 
Portanto, pense na marca como algo importante e pense em como contribuir para que ela se mostre importante e consistente para o mercado, para que no final ela seja lembrada positivamente e não como algo que o distingue negativamente.
 
Bom fim de semana.
Moacyr Ferreira

Nenhum comentário:

Postar um comentário