sábado, 2 de fevereiro de 2013

Formação de Networking Profissional com o uso da Tarrafa

            Na volta das férias, resolvi iniciar com um tema mais light, que tem ocorrido comigo e quem sabe com muitos de vocês, direta ou indiretamente: A formação de networking profissional sem qualquer critério aparente.
           
            Vocês conhecem uma tarrafa? A tarrafa é uma rede de pesca circular com pequenos pesos distribuídos em torno de toda a circunferência de sua malha. Serve para pegar o maior número de peixes possíveis que estejam cobertos por sua área circular. Pode pegar peixe grande, peixe pequeno e até, eventualmente, uns itens inesperados, tais como as botas velhas e furadas que vemos nos desenhos animados.
 
            É isso que muitas pessoas fazem com seu networking profissional, através das várias ferramentas disponíveis atualmente na internet, como, por exemplo, o aplicativo Linked in.
 
            Não raramente, costumo receber convites do tipo: “Sendo você uma pessoa de minha confiança, gostaria de adicioná-lo à minha rede de contatos”. Ou, outras do tipo: “Gostaria de adicioná-lo aos meus contatos”.
 
            Até entendo que as pessoas estão ocupadas e poderia aliviar a brevidade e impessoalidade do convite, ainda que eu ache que deveria ser algo mais pessoal, por se tratar de um convite para formação de uma rede de contatos profissionais. O que me chama a atenção é a total falta de cuidado com mensagens absolutamente padronizadas, independente do grau de importância potencial que o contato venha a apresentar. Beira a banalização e é como se escutasse uma voz dizendo “Opa, me adiciona aí, porque quero ter um monte de gente para atingir a meta de 500+. Quero te adicionar, porque é sempre bom ter bastante contato. Vai que um dia eu precise de você”.
 
            O Head Hunter Aristides Girardi, membro do Linked in, já havia mencionado em uma mensagem anterior, nesta mesma ferramenta, sobre este aspecto e sobre a falta de cuidado com os convites, mencionando a impressão negativa que este tipo de abordagem traz. É como se a pessoa lançasse sua tarrafa para tentar pegar o maior número de pessoas e mostrar que ela possui muitos contatos, indicando uma importância na relação direta do número de pessoas que aparecem em seu perfil na internet.  
 
            Entendo o networking profissional como uma oportunidade de contar com a ajuda de outras pessoas para melhor impulsionar sua carreira, através de testemunhos sobre seu desempenho, postura, atitude, conhecimento e capacidade de realização. Quantas pessoas você já adicionou e nem sequer se lembra exatamente de quem se trata? Ou quantas pessoas, de fato, podem contribuir com algo positivo, espontaneamente ou mesmo quando solicitadas? Respeito muito as pessoas que possuem vários contatos, que conhecem e são conhecidas, além de respeitadas. Este é o caso de um amigo: O Flodemir. As pessoas querem estar em contato com ele, para aprender, para usufruir de seu conhecimento. É como ter o mapa do oráculo em formato digital, para qualquer eventualidade, por que...”vai que...”. Não por acaso, ele tem muitos contatos em sua rede.
 
            Uma vez, o professor Luis Pessoa (IAG PUC RJ) questionou: O que são as ferramentas de mídia social, hoje em dia? Uma pessoa com 50 mil contatos neste tipo de ferramenta é alguém que possui 50 mil amigos ou seria alguém que apenas deseja ser visto por 50 mil pessoas, em uma atitude egoísta, importando-se mais com sua coleção de contatos do que com o que cada um, de fato, pode trazer de valor, ou melhor, o que você pode agregar para ele.
 
            Não sei quanto a vocês, mas convites genéricos, para mim, indicam o baixo grau de importância que a pessoa dará para a relação e, portanto, desconsidero. Prefiro ter menos contatos, com maior qualidade, respeito e potencial de suporte, do que ter uma lista enorme com gente que nem me conhece direito e que, aparentemente, está mais interessada em extrair do que trocar. Quando adiciono alguém que não conheço, procuro, ao menos, deixar clara a intenção do contato.
 
            Quando for utilizar suas ferramentas de mídia social, principalmente as de caráter profissional, pense se você não está jogando uma enorme tarrafa, pra ver o que consegue pegar. Cuidado, pois pode ser que venha uma bota velha furada ao invés de um grande peixe!
 
            O próximo termo do curso trará uma disciplina sobre comportamento do consumidor. Acredito que muitos temas interessantes poderão ser trazidos para este blog. É aguardar e ler! Como diz o Pedro Bial, não custa nada dar uma espiadinha!
 
Bom fim de semana.
Moacyr Ferreira
 

4 comentários:

  1. Bons pontos! Foi bom ver esse ponto de vista a respeito do "outro lado" das ações automáticas que repetimos dia a dia. Vejo as redes sociais como ainda muito carente de entendimento, as pessoas não tem a noção de propósito e por isso, a má comunicação do dia a dia é amplificada na internet. Temos ainda muito a aprender.

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  2. Obrigado, Luis. Na automação, quem executa tarefas automáticas são as máquinas. As pessoas, deveriam usar a inteligência para bons propósitos e ações. Abs Moacyr

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  3. Oi Moacyr, muito relevante este post em face da onipresença das redes sociais na vida privada e profissional das pessoas atualmente.

    Concordo contigo em relação às suas percepções a respeito do comportamento das pessoas nas redes sociais. Acho que existem vários componentes que levam a uma certa 'banalização' da formação de 'conexões' e também da forma como as pessoas se expõe na rede.

    1- Desejo de 'pertencimento': todos tem um monte de conexões, como vou ficar fora deste 'mundo'?

    2- Falta de 'coragem' para recusar um convite: como vou dizer não a uma pessoa que está (aparentemente) interessada em ter contato comigo?

    3- Falta de discernimento sobre o real valor de uma possível conexão: é o que você comentou no texto, as pessoas não se perguntam quanto realmente é válido conectar-se com alguém.

    4- Vida real é uma coisa, virtual outra: as pessoas se esquecem que são a mesma pessoa seja no mundo real ou na internet, mas se comportam de forma muito menos criteriosa nas redes sociais, embora sejam mais restritivas com quem se relacionam na vida real.

    5- Banalização, falta de cultura e preguiça mental: é fácil entrar e postar algo numa rede social. Dá bem mais trabalho escrever um bom texto com conteúdo relevante. É fácil ver fotos, curtir e ler comentários de uma ou duas linhas. Dá bem mais trabalho ler um jornal, uma revista ou um livro.

    6- Efeito 'Big Brother': as pessoas, mesmo nas redes sociais de fins profissionais, acabem usando estas ferramentas para dar uma 'espiadinha' na vida dos outros, algo que pode ter um componente positivo de informação sobre quem lhe interessa, mas obviamente tem o lado banal da pura curiosidade.

    Nas redes sociais com propósidos 'não-profissionais' então, a banalização é ainda pior... tanto na quantidade como na qualidade do que se faz lá.

    Tenho uma infinidade de contatos no Linked In que reconheço não agregam nada... talvez seja a hora de aplicar o que no Facebook algumas pessoas chamam de "dia do unfriend", ou seja, cortar algumas conexões...

    Abs, Leandro

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  4. Obrigado, Leandro.
    Muito boas considerações e muito bem estruturadas, completando brilhantemente o post original.
    Abs
    Moacyr

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