Depois de falar sobre o processo de Globalização, capaz de criar novas oportunidades, e do processo de internacionalização para captura destas oportunidades, muitas vezes através de alianças, cabe uma questão importante: O que faz com que empresas se unam em torno de uma aliança estratégica? A resposta é simples: criar valor que isoladamente não seriam capazes de criar.
A definição da estratégia, em uma configuração de parceria, tem por objetivo principal a criação de valor, para cada empresa, individualmente, porém beneficiada pela interdependência existente entre as empresas. Ou seja, uma passa a depender mais da outra.
A formação de alianças estratégicas possibilita às empresas que elas possam complementar competências através da parceria que lhe permitam expandir-se para capturar oportunidades em outros mercados, através de um esforço conjunto. É através da aliança que a empresa pode obter os elementos necessários para ter sucesso no empreendimento, sucesso este que virá da capacidade desta aliança em criar vantagens internas, relativo a seus concorrentes, pela disponibilidade e possibilidade de aproveitamento de recursos nos diversos mercados onde se pretende ter uma penetração.
Esta complementaridade é importante, pois não se trata apenas da decisão de ir-se a outro mercado sem o correto entendimento das necessidades locais e sem a competência adequada para poder atender a estas necessidades. A criação de alianças e a exploração das capacidades complementares permitem a criação de valores distintivos. Como conseqüência, vemos o aumento de chance de sucesso, comparado à concorrência.
A escolha de parcerias adequadas pode ser fundamental, não somente para empresas que buscam um posicionamento baseado em diferenciação, mas para empresas que buscam posicionamento baseado em custo, beneficiado pelo aumento da escala produtiva (Porter, 1998). Particularmente, o aspecto de diferenciação pode ser bastante beneficiado pelo aparecimento de competências complementares, que segundo a configuração de alianças estratégicas, podem ser distintivas (Mintzberg, 1991) e importantes para a criação de uma vantagem competitiva. De acordo com estudos feitos por Garcia-Canal (2007), a criação destes valores pode ser melhor alavancada quando a aliança é composta por competidores diretos, porém juntando forças para exploração de mercados internacionais. Isto permite um maior controle de parte a parte e uma cooperação para o sucesso do empreendimento, pois cada uma das partes conhece o potencial da outra e estará mais interessado no aprendizado gerado a partir do novo negócio do que na preocupação em que uma parte “roube” conhecimento da outra.
A criação de valor ou benefícios entre as empresas que decidem por um processo de cooperação mútua dependerá da capacidade e execução de investimentos e de alinhamento destes investimentos com a estratégia adotada. Quanto maior for a disponibilidade para a execução destes investimentos, maior serão as chances de sucesso desta aliança, criando competências e capacidades necessárias para enfrentar as ameaças do ambiente macro, bem com capturar as oportunidades existentes. Investimento sem o devido alinhamento estratégico é uma aposta com baixa chance de sucesso ou, pelo menos, com grande risco de insucesso.
Adicionalmente, as condições dos mercados onde a empresa pretende estar presente definirão a forma como as parcerias serão efetuadas, impactando diretamente a forma como elas cooperam. Neste sentido, empresas Tansnacionais como a Nokia buscaram uma maior proximidade com mercados locais através do estabelecimento de parcerias em diversas áreas, sempre quando, de fato, trouxesse um complemento de competência, não possível de ser obtida com as existentes no país de origem, ou, pelo menos, não utilizadas da forma mais eficiente.
O grau de complementaridade entre as empresas evidenciará a possibilidade de uma aliança e alavancará o sucesso desta cooperação entre as empresas, desde que igualmente haja o comprometimento e compatibilidade entre as empresas.
Portanto, a criação de valor para a empresa deve ser um elemento importante na decisão acerca da formação de uma aliança. A criação de valor, distintivo, será a chave para a criação de uma vantagem competitiva.
No próximo post veremos que mesmo havendo elementos que permitam a formação de alianças, ao longo desta formação aparecem desafios de como esta aliança deve ser gerenciada. Uma coisa é decidir ficar junto, outra é ficar junto.
Bom fim de semana.
Moacyr Ferreira